CURSOS COMEX – FINANÇAS INTERNACIONAIS
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ROTEIRO
1. Definições A expressão “câmbio” deriva do verbo “cambiar”, cujos sinônimos são: trocar, permutar. Quando se refere ao câmbio, portanto, trata-se da troca de uma mercadoria pela outra. No mercado financeiro, normalmente nos referimos à troca de um moeda por outra. São os tipos vigentes de câmbio presentes no mercado: – Câmbio negro ou paralelo Refere-se às operações de troca de moeda estrangeira realizadas por agentes não autorizados para tal. A seguir, indicam-se quem são os participantes do mercado de câmbio nacional e internacional. – Câmbio oficial Esta é a cotação de moeda dada pelo órgão oficial. No caso do Brasil, o Banco Central. Porém, é válido notar que neste país as negociações de moeda, desde que realizadas por agentes autorizados, podem ocorrer sob qualquer cotação. Não há limite de preço para a moeda estrangeira, Assim, se o Banco Central determina a taxa de câmbio e o banco cobra um valor superior a ela, não há irregularidade. Cabe ao consumidor procurar agentes autorizados que ofereçam melhores preços. – Câmbio livre ou flutuante Os valores das taxas de câmbio são determinados pela força de mercado sem a intervenção do governo, há completa flexibilidade. O sistema é vantajoso porque os problemas experimentados em um país não necessariamente serão contagiosos. Além disso, o banco central não é forçado a implantar uma política de intervenção que pode ter um efeito desfavorável sobre a economia apenas para controlar a taxa de câmbio. A desvantagens reside na dificuldade de controlar o sistema. O processo de flexibilização do mercado de câmbio no Brasil iniciou-se em 1988, com a criação, por meio de resolução do CMN, do Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes. Veja a evolução do mercado de câmbio no Brasil: <!–[if !vml]–><!–[endif]–> • Câmbio manual O mercado de câmbio manual envolve a troca efetiva de moedas em espécie. É nele que operam importadores e exportadores ao adquirem moeda estrangeira em casas de câmbio ou instituições financeiras. É no mercado de câmbio em que ocorre a liquidação financeira das moedas nacionais de vários países. Também é nele em que ocorre a compensação financeira oriunda das negociações ocorridas no comércio internacional, assim como as transações de câmbio por existirem transações comerciais. 2. Principais agentes No mercado de câmbio internacional, estão presentes os seguintes agentes: • Bancos Centrais dos países • Bancos comerciais e de investimento • Importadores e exportadores • Hedge funds • Instituições financeiras internacionais públicas e privadas • FMI <!–[if !vml]–><!–[endif]–> No Brasil, o Regulamento de Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI) prevê bancos, comerciais, múltiplos e caixas econômicas podem realizar operações de câmbio, mas também autoriza outras instituições para intervir no mercado cambial brasileiro e também determina as operações que podem realizar:
3. Subdivisões O mercado de câmbio internacional é subdividido da seguinte forma: Mercado de Câmbio Sacado Este mercado – de câmbio sacado – compreende as compras e vendas de moedas estrangeiras, representadas por depósitos, cheques, letras de câmbio, ordens de pagamento. Neste mercado incluem-se as remessas financeiras que se destinam a pagamento de títulos, donativos e royalties. Além destas operações estão inclusos as liquidações de dívidas provenientes de transações comerciais, exportações e importações. Mercado de Câmbio Manual Este mercado trata das transações em espécie, em que pelo menos uma das moedas transacionadas é estrangeira. É neste mercado que operam os viajantes que compram meda estrangeira. É o que compreende a venda de traveller’s check. As operações realizadas neste mercado utilizam como referência as taxas de câmbio definidas pelo mercado bancário, mas podem ser livremente negociadas, já que não há limite de máximo e mínimo para as compras e vendas. Na prática, significa que no mercado de câmbio podem-se aplicar quaisquer taxas, desde que vendedor e comprador estejam de acordo. Mercado Paralelo de Câmbio O mercado paralelo de câmbio existe devido a diversos fatores, que compreendem instabilidade econômica, dificuldades financeiras e econômicas, custos de operacionalização. As operações realizadas no mercado paralelo, ou seja, sem que haja intervenção bancária ou de operador de câmbio, são irregulares. É a partir dele que ocorrem os pagamentos a mercadorias contrabandeadas, a remessa clandestina de lucros a paraísos fiscais, o pagamento de propinas ou subornos. Mercado de Câmbio Primário Compreende as operações cambiais entre bancos e clientes não-bancários. Registram entradas e saídas de divisas em moeda estrangeira, as quais podem ser oriundas de importações e exportações, investimentos, seguros, amortizações, etc. Mercado de Câmbio Secundário Incluem-se neste mercado as operações que não afetam o Balanço de Pagamentos, aquele que contabiliza a conta de transações correntes (balança comercial, conta de serviços e transferências) e a conta de capital e financeira. Podem ser compra e venda de moeda estrangeira, hedge, swap, compra e venda de moedas na forma de opções. O mercado de opções consiste naquele em que se negociam direitos sobre opções. São direitos de uma parte comprar e de a outra vender. O mercado de ações não é o foco deste nosso curso e, por este motivo, não nos ateremos a ela. F – Mercado de Câmbio Interbancário Neste mercado, são realizadas apenas as operações entre bancos. Estas transações ocorrem quando os bancos encontram-se em posições de câmbio distintas, Um deles em posição “vendida” e outro em “comprada”, por exemplo. G – Mercado de Câmbio à Vista No mercado de câmbio à vista se efetuam as operações prontas de câmbio. Ou seja, as operações de compra e venda realizadas para entrega imediata (até dois dias). H – Mercado de Câmbio Futuro Neste mercado estão compreendidas as operações futuras de câmbio. Elas compreendem a compra e venda de moeda estrangeira a taxa cambial predeterminada para ser entregue em data futura. Os intervenientes do mercado de câmbio a utilizam a fim de reduzir os riscos com flutuações nas taxas cambiais. As taxas cambiais de operação futura podem ser iguais às taxas prontas, mas também podem contar com um “prêmio”. Este ocorre quando a taxa para entrega futura for maior àquela para entrega imediata. É mais comum, justamente pelo fato de garantir o ganho do banco ou operador de câmbio, aquele que assume o risco cambial. Por outro lado, se a taxa futura for inferior à taxa imediata, ocorre um desconto. Isso é possível quando há previsão de que a taxa de câmbio sofra desvalorização em relação à outra moeda. 4. Taxa de câmbio Ao ouvir dizer que a taxa de câmbio de hoje é de “X” Reais, é preciso se perguntar, primeiro, a quê moeda o locutor se refere. Isto se deve ao fato de que a taxa de câmbio representa o custo de uma moeda conversível (mais forte) em relação a não conversível (menos forte), o que se denomina “taxa dada no ‘incerto’”. A taxa mais comumente referenciada é a do Dólar (dos Estados Unidos). Assim, normalmente, quando se diz que a taxa é de R$ 2,00, diz-se que para se comprar um Dólar, no Brasil, é preciso despender dois Reais (incerto) ou que para se comprar um Real, no Brasil, é preciso despender cinquenta centavos de Dólar (certo). Como as operações do comércio exterior (importações e exportações), impreterivelmente, ocorrem com moedas conversíveis (aquelas mais líquidas no mercado), é sempre importante acompanhar a evolução da taxa de câmbio das moedas ditas “fortes”, como: dólar dos Estados Unidos, iene, euro, dólar australiano, dólar canadense, libra. E o que significa “evolução da taxa de câmbio”? Diariamente, por questões que relaciono a seguir, a taxa de câmbio das moedas estrangeiras sofre oscilações, positivas ou negativas. Quando se diz que a moeda sofreu oscilação positiva, significa que ocorreu valorização daquela estrangeira, ou seja, é preciso despender mais moeda nacional para adquiri-la. Veja os exemplos 1 e 2 a seguir: Exemplo 1:
A oscilação (∆) foi positiva, conforme o cálculo: ∆ = S – S t-1 / S t-1 ∆ = (2,6209 – 2,6120) / 2,6120 ∆ = 0,0034 ou 0,34% Significa dizer que de um dia para o outro, o Euro ficou 0,34% “mais caro” no Brasil. Ele, portanto, se valorizou em relação ao Real. Exemplo 2:
A oscilação (∆) foi negativa, conforme o cálculo: ∆ = S – S t-1 / S t-1 ∆ = (2,6110 – 2,6209) / 2,6209 ∆ = 0,0037 ou 0,37% Significa dizer que de um dia para o outro, o Euro ficou 0,37% “mais barato” no Brasil. Ele, portanto, se desvalorizou em relação ao Real. O contrato de câmbio, por sua vez, é o instrumento financeiro utilizados nas operações de compra e venda de moeda estrangeira. Toda vez que se realizam operações com moeda estrangeira é necessário que se firmem contratos de câmbio, a fim de que o órgão competente – Banco Central – esteja ciente da quantidade de moeda estrangeira que entra no país e na quantidade que sai. Moeda e divisa internacional Como tratado no primeiro módulo deste curso, a moeda consiste em um instrumento primário de troca e a sua utilização no contexto internacional é inteiramente dependente da sua conversibilidade, que está relacionada à liquidez da moeda no mercado. Quanto maior disponibilidade de moeda, mais líquida e mais forte, ou seja, conversível. As principais moedas conversíveis utilizadas nas negociações internacionais: • Dólar australiano • Dólar canadense • Dólar dos EUA • Dólar de Hong Kong • Franco Suíço • Coroa sueca • Euro • Franco francês • Iene Japonês • Libra esterlina • Marco alemão 5. Mercado de Câmbio Manual Neste mercado, utilizando-se Bank notes (cédulas) e travellers checks (cheques de viagem). É o mercado em que se cobra o mais alto spread e é operado por bancos – “Operadores de atacado” – e por corretoras – “Operadores de varejo”. Mercado de Câmbio Interbancário O mercado de câmbio interbancário é o maior mercado financeiro do mundo. Nele não há realização de saída ou de entrada de divisas, ocorrendo meramente a compensação nas operações. As principais praças em que ocorrem as transações são: • Londres • New York • Tóquio • Cingapura • Zurique 6. Sistemas internacionais de pagamentos Estas transações que não ocorrem fisicamente, se dão por meio dos seguintes sistemas internacionais de compensação: • Fedwire (Federal Reserve wire transfer service) Sistema eletrônico de transferências de fundos e ativos, utilizado por instituições que possuam conta de reserva ou liquidação no Federal Reserve • Chips (Clearing house interbank payment system) • Chaps (Clearing house automated payment system) • FX net (Foreing exchange net ou Rede de câmbio) • Swift (Society for worldwide interbank financial telecommunication) 7. Arbitragem cambial A arbitragem cambial trata-se da situação em que o agente de câmbio obtém lucro aproveitando-se das diferenças de preço das moedas, negociadas em diferentes mercados. Veja o exemplo numérico a seguir:
Se o sujeito, com 1 dólar australiano adquirir dólar dos EUA nos EUA, obterá US$ 0,21. Estes mesmos US$ 0,21 podem ser trocados em Sidney, por dólares australianos. Ao realizar esta troca, o sujeito obterá AUS 1,05. Ou seja, obteve lucro de 5% pela troca de uma moeda pela outra, duas vezes, em distintos mercados. Esta prática e legal e, se bem aplicada, pode garantir resultados muito positivos aos agentes. Arbitragem triangular A arbitragem também pode ser triangular, que contém a mesma lógica, com a particularidade de que implica na compra e na venda de moeda simultaneamente em três praças diferentes. TREINAMENTO 1 – O que é o mercado de câmbio paralelo? Resposta: Refere-se às operações de troca de moeda estrangeira realizadas por agentes não autorizados para tal. A seguir, indicam-se quem são os participantes do mercado de câmbio nacional e internacional. 2 – Quem são os principais agentes do mercado de câmbio internacional? Resposta: tratam-se dos: Bancos Centrais dos países; bancos comerciais e de investimento; Importadores e exportadores; Hedge funds; Instituições financeiras internacionais públicas e privadas e; FMI. 3 – Qual a diferença entre o mercado de câmbio sacado e o manual? Resposta: o sacado compreende as compras e vendas de moedas estrangeiras, representadas por depósitos, cheques, letras de câmbio, ordens de pagamento. Já o mercado manual trata das transações em espécie, em que pelo menos uma das moedas transacionadas é estrangeira. 4 – O que é contrato de câmbio? Ele é o obrigatório? Resposta: é o instrumento financeiro utilizados nas operações de compra e venda de moeda estrangeira. É obrigatório, no Brasil, em todas as operações de troca de moedas. 5 – A arbitragem cambial é ilegal? Resposta: não, mas somente se realizada junto aos agentes autorizados a operar com câmbio. |